segunda-feira, 9 de junho de 2014

Entrevista com Fernando Vieira de Carvalho Campos Salles

Ricardo Biazotto - Como foi o processo de escrita e publicação do livro “Definições da Vida”?
Fernando Campos Salles - No processo de criação do livro Definições da Vida, foi feita uma seleção em arquivos de poesia do meu computador. O processo de criação das poesias desse livro envolveu muitas experiências, que podem vir de coisas que observo ou até mesmo de leituras de livros diversos. O nome Definições da Vida veio da leitura do livro de Alberto Caeiro de Fernando Pessoa. Eu me encantei com a simplicidade das ideias que foram transmitidas por esse poeta. Apesar das minhas experiências poéticas divergirem em muitos pontos desse pseudônimo de Fernando Pessoa, essa leitura me encorajou, pois eu também buscava a simplicidade da mente e dos sentidos. Os poemas nasceram da intuição, e eles levam os leitores a ambientar seus pensamentos numa simplicidade, e que ao mesmo tempo seja produto de uma riqueza simbólica que faça bem a alma. A forma poética foi inspirada em muitas leituras de poetas como Álvaro de Azevedo, Casimiro de Abreu, Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, entre outros. Mas talvez a leitura que mais me influenciou foi do livro Em Alguma Parte Alguma de Ferreira Gullar. Muitos poemas são impregnados de filosofia e fui muito influenciado por livros de romance diversos, como Demian de Hemann Hesse. Apesar de ter lido só livros de romance desse grande ficcionista alemão, só na internet fui descobrir que ele também tem obras de poemas.

Se comparado com o seu livro anterior, qual a principal diferença de “Definições da Vida”?
Eu acredito que toda obra poética vem de um fenômeno que seduz em sua verdade um canto. No primeiro livro que se chama Devaneios, eu expressei essa coisa fenomenal que é verbalizar algo que faz parte de mim, e que fala da espiritualidade e do amor à religião, que se torna plena somente com Jesus. Quando fui ao Encontro Internacional de Poesia, realizado em Dois Córregos, tive contato com Levi que na época era Presidente da CBL (Câmara Brasileira de Letra). Meu pai entregou um livro para o Levi, que abriu em uma página qualquer e recitou para todos os que estavam presentes. Incentivado por essa grande demonstração de apreço pelo meu livro, pedi a ele para fazer uma crítica. Ele identificou minha religiosidade e disse que parecia dos salmos de Davi, mas que sendo muito textual, ficava entre o poema e a prosa.
Então ele me propôs um desafio, recitou um poema maravilhoso (infelizmente não lembro o nome nem o autor desse poema), que falava sobre um pingo d’água. Na hora fiquei paralisado, e visualizei claramente um pingo d’água. Então, ele me perguntou: “Você é capaz de fazer um poema semelhante?”. Eu disse que não sabia. Ele se virou para mim e disse que o poeta não pode ter medo da imaginação. Mas um dia depois fiz o poema Menos Salgado que está nesse novo livro. Daí em diante, a imaginação, e não mais só a súplica religiosa fez parte dos meus poemas. Comecei a ler e reler mais os poetas em busca de experiências que analisasse a forma poética e o que a sonoridade pode causar em nosso espírito.

Você acredita que existe um amadurecimento no seu trabalho?
Acho que houve um amadurecimento no Definições da Vida, cujos poemas ressoam pelo fato de serem em sua maioria curtos e diretos. Muitos poemas usam recursos de aliteração e assonância que imprimem ritmo em cada verso. As palavras pairam no espírito, e elas trazem descobertas. Falar com poucas palavras e recursos poéticos de algo que vem das experiências de vida é o grande legado do poema e o grande amadurecimento em relação ao meu primeiro livro Devaneios.

Como você definiria o seu estilo poético?
Meu estilo poético é moldado a cada dia, em cada vivência que pode ser trazida, tanto pela leitura como pelo olhar que dispensa palavras. Isso vai fazendo e moldando, não só o poeta como o escritor em geral. Eu acho que tento falar de tudo de uma forma bonita. No poema que se chama Energia Poética eu uso a ideia da fusão dos átomos do sol para descrever a força do poeta. Tudo o que leio e observo pode ser alimento para meus poemas, desde as coisas mais simples como uma intuitiva visão do impossível e o possível acerca do pensamento humano.

Além do lançamento de seu livro, o evento desse sábado marca também a inauguração da pousada “Villa do Poeta”, que fará um trabalho voltado à cultura pinhalense. Qual a importância da pousada para a comunidade cultural de Espírito Santo do Pinhal e quais são os seus projetos com esse empreendimento?
A Villa do Poeta é uma vitrine cultural que é decorada com obras de artistas da região, que podem ser vendidas. Mostrar o que as pessoas de sua cidade e região têm de bom faz com que todo o ambiente seja melhor, e isso é importantíssimo para o progresso de todo tipo de comunidade. Além das obras de artes queremos também ter livros de escritores pinhalenses, tanto para consulta como para comercialização.
Temos uma galeria de arte com exposições sazonais, reverenciando um artista ou um tipo de arte. Na inauguração temos a exposição de fotos de Thais Staut, que é intercalado com imagens de páginas do meu livro que foi lançado. Essa exposição continua até 13 de julho.
Reservamos uma sala em que serão ministrados cursos. Já agendamos cursos da história da arte do Brasil com Monica Leite e paisagismo com Renata Margonari. E temos um amplo espaço que pode ser usado para eventos.

sábado, 7 de junho de 2014

Lançamento de livro marca a inauguração de pousada cultural

Foto: Ricardo Biazotto/Over Shock
Aconteceu em Espírito Santo do Pinhal, no fim da tarde do último sábado, 31, o lançamento do livro “Definições da Vida”, segunda antologia poética publicada por Fernando Vieira de Carvalho Campos Salles. O evento, que contou com a participação de artistas, autoridades e da população em geral, marcou também a inauguração da pousada Villa do Poeta, um novo espaço cultural para a cidade do interior paulista.

Em entrevista exclusiva ao blog Over Shock, o poeta Fernando Campos Salles, também administrador da pousada, disse que “mostrar o que as pessoas de sua cidade e região têm de bom faz com que todo o ambiente seja melhor, e isso é importantíssimo para o progresso de todo tipo de comunidade”. Ainda segundo Fernando, “além das obras de arte queremos também ter livros de escritores pinhalenses, tanto para consulta como para comercialização”.

Ao ser questionado sobre o processo de escrita e publicação de “Definições da Vida”, o escritor revelou que foi feita uma seleção de poemas em arquivos de seu computador e que a escrita envolveu muitas experiências do seu cotidiano. Fernando comentou ainda que origem do título veio da leitura do livro de Alberto Caeiro: “apesar das minhas experiências poéticas divergirem em muitos pontos desse pseudônimo de Fernando Pessoa, essa leitura me encorajou, pois eu também buscava a simplicidade da mente e dos sentidos”, explicou.

Autor do livro “Devaneios” (2006), Fernando fez ainda uma comparação entre os dois trabalhos e disse que em seu primeiro livro expressou essa “coisa fenomenal que é verbalizar algo que faz parte de mim, e que fala da espiritualidade e do amor à religião, que se torna plena somente com Jesus”. Já em seu novo livro, publicado pela Scortecci Editora, “a imaginação, e não mais só a súplica religiosa fez parte dos meus poemas”.

O seu próprio amadurecimento também é destacado por Fernando Campos Salles, que ressalta o seu estilo literário dizendo que seus poemas são curtos e diretos: “Falar com poucas palavras e recursos poéticos de algo que vem das experiências de vida é o grande legado do poema e o grande amadurecimento em relação ao meu primeiro livro Devaneios”, conclui.

A Villa do Poeta está localizada na Praça da Bandeira, 78, no Centro de Espírito Santo do Pinhal-SP.

O livro “Definições da Vida” pode ser adquirido clicando aqui.